Tudo começou
em julho de 2013, quando o Sem Rumo deu início em seu projeto rumo as chapadas.
Foram dois anos, começando pela chapada dos Guimarães (Mato Grosso), em julho
de 2014 nos enveredamos pela chapada de Diamantina (Bahia) e por fim, neste
julho de 2015 acabamos de retornar da chapada dos Veadeiros.
Projeto concluído,
nas próximas linhas vamos dividir com vocês um pouco dessa última e maravilhosa
aventura. Começamos pelos componentes desta viagem:
Eric e sua Tiger 1200 (o grandão da
viagem anterior, só que agora bem mais largo) e Felipe (aquele baixinho, dessa
vez mais baixinho ainda) com sua Ducati Big Gigante Multistrada 1200. Os
chamamos de ovelhas desgarradas do Sem Rumo, pois vão na frente sem ninguém ver
e voltam primeiro sem ninguém saber. Em discussões com os outros integrantes
concluímos que os dois devem ter negócios ilícitos e vivem fugindo, por isso
evitam ficar muito tempo conosco. Ah! Importante ressaltar que houve uma
disputa acirradíssima entre o Felipe e o Rene nesta viagem para ver quem é o
menos baixinho do moto clube, resultado:
Felipe: 1m 51000000333333453769845032333333888777433332111
Rene: 1m 510000000333333453867777743333322222255557777000
Decidimos por empate técnico.
Continuando
a descrever nossos companheiros... Alex Pandinha (o comilão), Nisflei (o
bombadinho, prestes a explodir) Papel Padovan (o eterno Presidente que recebeu
vários HIP HIP HURRAS!!!) com suas lindas e poderosas Tigers 800. Nosso querido
e velho Marcio com sua velha fazer 600, sempre lento e tranquilo (se começar a
enfartar agora dá tempo ainda de fazer outra viagem de moto), mas sempre junto.
Ortega, para nossa alegria de volta depois de 2 anos, motivo foi tentar fazer
uma curva a 250 km/h com sua Vulcan, descobriu que não era possível só depois
que atravessou um pasto totalmente desgovernado, atropelou duas vacas e caiu no
riacho. Mas agora retornou com sua super, ultra e fantástica Transalp 700, de procedência
inquestionável. E com sua Versys 650, moto que já está com ele desde quando era
pequenininho, Renezinho, que apesar de calçar 28 é um grande e eterno
companheiro. E para finalizar, debutando no Sem Rumo, Toninho com sua Mid Night
950, gente finíssima. Leva 35 óculos na viagem, um para cada situação, troca de
óculos até para escovar os dentes. Não sabemos direito se ele sabe quem
realmente somos, pois tinha momentos que nosso Tó, assim chamado
carinhosamente, errava de óculos.
A VIAGEM:
22/07 (quarta-feira): As ovelhas desgarradas já tinham
partido de madrugada. Os demais se encontraram no primeiro posto da rodovia
Bandeirantes com destino a Brasília, pois antes da Chapada iriamos para o
famoso encontro Moto Capital. Dormimos em Pires Belo, distrito de Catalão (GO),
fica uma dica de um bom hotel na beira da estrada para pouso.
23/07 (quinta-feira): Aterrissamos em Brasília, nos
hospedamos no Hotel Singular, localizado no Núcleo Bandeirantes. Um hotelzinho
para quem é bem pouco exigente, que é o nosso caso, o banheiro é o destaque, é
tão pequeno que o chuveiro fica praticamente sobre o vaso sanitário, a vantagem
é que dá para fazer as necessidades fisiológicas e tomar banho ao mesmo tempo.
Após nos estabelecermos, nos restou bebemorarmos a chegada e a noite rumamos
para o Moto Capital.
Importante destacar a organização e o
espetáculo que é esse encontro, pessoas de todos os lugares do Brasil, senão da
América. Uma estrutura fantástica, shows maravilhosos, enfim, um clima que vale
cada minuto lá dentro. Conselho, quem é apaixonado por moto tem que ir pelo
menos uma vez. Fechamos a noite assistindo, cantando e vibrando com os shows da
Janis Joplin e Creedence covers.
24/07 (sexta-feira): Como bons brasileiros rumamos ao Palácio
do Planalto, juntamente com infindáveis debates sobre política, falando mal de
tudo e de todos, visitamos o congresso, a catedral, e adjacências. Mesmo puto
com tudo e com todos que por lá residem atualmente, nos curvamos pela beleza do
local. Ah! A Dilma fica muito bem escondida, não conseguimos acha-la... afinal
era só o desejo de um efusivo abraço... não é Toninho???
A noite retornamos para o Moto Capital, mais moto, mais
cerveja, muita gente de todas as cores e credos e mais shows. Destaque para a
banda Baú Revirado, baita cover do nosso eterno Raulzito.
25/07 (sábado): Nosso companheiro Toninho, juntamente com
seus 35 óculos, por força do destino teve que retornar nos deixando saudosos.
Partimos rumo a Chapada dos Veadeiros (Ah! Mais uma vez os fugitivos
desgarrados já tinham partido na frente). Destino a cidade de Alto paraíso de
Goiás, a cidade mais esotérica do Brasil. Metade das pessoas que moram lá acham
que existe disco voador, a outra metade tem certeza e trinta por cento dos que
acreditam garantem que já foram abduzidos por seres extraterrestres e passaram
um tempo em outra dimensão.
Agora se preparem para um dos
momentos mais emocionantes da viagem. O Lucas, filhos do nosso companheiro
Ortega, se encontrava acampando nesta exótica cidadezinha habitada pelos
últimos hippies da terra. Saímos a sua procura, mas como são todos muito
parecidos, pesam de 30 a 45 kg, cabelos enrolados de 1 m, roupas que reúnem
todas as cores existentes, não comem nada além de mato, tomam banho quando
lembram e ficam o tempo todo em torno de fogueiras balançando a mão e entoando
cantos incompreensíveis, era uma tarefa difícil. Mas em uma decisão unilateral,
eu o Presidente, comecei a gritar no meio da pracinha “LUUUUCCCCAAAAAA”....
“”LUUUUCCCCAAA” seu “PAAAAIIIII” chegooou... do nada, como um milagre (coisa
muito comum nessa região) aponta de trás de um muro, ninguém menos do que
Lucas, com seus companheiros hipongos. A alegria tomou conta de todos, nosso
Ortega começou a chorar compulsivamente, os meninos começaram a dançar em roda,
balançando a cabeleira. Por fim, no auge da festança tentaram jogar o Ortega
para o alto, mas mesmo em dez malucos belezas não conseguiram devido a não
estarem acostumados com esse tipo de atividade física. Depois nos encontramos
várias vezes, Lucas e seus discípulos apareciam repentinamente do nada e nos
abraçavam e festejavam, sempre muito simpáticos e nosso Ortega caia no choro...
A noite fomos para um vilarejo hippie chamado São Jorge, o
lugar com mais poeira por metro quadrado que eu já estive em minha vida. Todos
cantavam, dançavam, eram abduzidos e tocavam seus tambores incansavelmente. E
nós que não sabíamos fazer nada disso e não usávamos roupas multicoloridas e a
maior cabeleira era talvez o bigode do Rene, passamos despercebidos. Parecíamos
uma trupe de homens invisíveis. Mas mesmo assim bebemos, jantamos, caminhamos e
voltamos cada um com 1 kg de poeira para a pousada. Ah! A pousada que ficamos
em Alto Paraíso merece destaque. Os donos apareceram no dia que chegamos,
acredito que depois se desintegraram e foram para outro plano, ficamos com os
cachorros e os gatos que lá habitavam. Apareceram dois dias depois para cobrar
a diária e rapidamente... puff... viraram fumaça.
26/07 (domingo): Resolvemos voltar para o vilarejo de São
Jorge e visitar o Parque nacional da Chapada dos Veadeiros. Aí começou a
tragédia de alguns companheiros e eu me incluo nessa. Nosso Ortega e por
acharmos que é um grande amigo, nos fez abraçar a ideia de uma caminhada pelo
parque. Ao chegar lá fiquei sabendo que não existia nenhuma caminhada de 500 m,
ou no máximo 700 m, mas fui induzido, enganado, forçado a fazer uma de 9 km por
uma trilha de pedregulhos, precipícios, enfim, algo interminável sob um sol
escaldante, tudo isso para me banhar em uma cachoeira com água a 10 graus
abaixo de zero. Nosso pandinha quase morreu, o Marcio ficou mais vermelho do
que um tomate, o Rene perdeu a fala e eu até agora estou com o ciático fora do
lugar. Enquanto isso, nosso comandante (Ortega) pôs uma maldita toalha na
cabeça, se transformou em Moises e abandonou seus discípulos, por vezes nos
esperava e dizia: “Caminhem pobres mortais, só assim conseguirão a salvação” e
depois sumia.
Ah! O leitor pode estar perguntando: E os ovelhas
desgarradas? Já tinham partido pela manhã sorrateiramente.
A noite tentando se recuperar fomos em busca de um bom vinho
e uma pizza. Mas... no caminho, mal sabia Renezinho que estava prestes a ser
vítima de um dos maiores golpes aplicados em Alto Paraíso. Do nada, salta em
sua frente ninguém mais, ninguém menos que “Messias, o Salvador” nascido há dez
mil anos atrás. Este hippie de estatura mediana, cabelos longos e embaraçados,
sem ver água ou um pente neste século, emanava um odor digno de não passar
despercebido. Dizia-se ser um ser enviado por forças celestiais e tinha como missão
construir mandalas.
Adendo: Para quem não sabe, mandala é um emaranhado de arames
enrolados que conforme você mexe muda de formato e tem como função salvar a
humanidade.
A cada palavra de Messias, mais os olhinhos de Rene
brilhavam. Quanto mais o salvador falava, Rene se sentia mais leve, mais
humano, mais justo, mais leal, mais altruísta. Assim veia a frase derradeira,
pela pequena bagatela de 100,00 Renezinho levaria aquela peça mágica para casa.
Nada será como antes, uma vida nova estaria começando ali. As trombetas
começaram a tocar em sua cabeça, luzes celestiais mostravam o caminho e sem
relutar sacou uma nota de 100,00 e entregou para Messias, pegou sua bola de
arame e saiu cantando. Todos nós olhávamos perplexo a cena. Ao nos afastarmos
menos de uma quadra, o Salvador, juntamente com seus seguidores explodiram em
gargalhadas, e começaram a rolar no chão. Depois de um tempo as palavras
mágicas do Salvador começaram a sair da cabeça do Rene e ele começou a voltar
ao normal, talvez nossas risadas ajudaram a cortar o efeito. Triste em seu
canto, nosso amigo olhava sua mandala com uma mistura de amor e ódio. Enquanto
isso Messias e sua equipe foi vista pela rua bebendo vinho, dançando e
gritando: Hei... hei.. hei... Rene é nosso Rei...
27/07 (segunda-feira): Como tudo neste mundo é finito, com
nosso passeio não poderia ser diferente e começamos a retornar rumo as nossas
origens. Pousamos na cidade de Aramina (SP) para um bom descanso e paz.
28/07 (terça-feira): Finda-se mais uma viagem do Sem Rumo após
2.850 km. Sete dias de sol e clima agradabilíssimo. Talvez foram as energias
emanadas pelos cristais de Alto Paraíso, nunca se sabe.
Retornamos já planejando a próxima partida, pois são nas
retinas dos olhos que carregamos nossas melhores fotos. Viajar é preciso...
GRANDE ABRAÇO AOS “SEM
RUMO”.
PRESIDENTE AD PERPETUM
INFINITUM VITALICIUM PARA SEMPRE PAPEL.
28/07/15
Veja o video de nosso aventura...!!!
Temos também os videos engraçados...!!! (Só para lembrar dos momentos)
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